Por redação AIoT Brasil

Um manifesto assinado por mais de 1.300 especialistas em tecnologia, líderes empresariais, educadores e formuladores de políticas públicas defendeu a ideia de que a inteligência artificial é uma força que atua para fazer o bem e não representa uma ameaça à humanidade. A carta aberta foi organizada pela BCS – The Chartered Institute for IT, uma associação não governamental criada no Reino Unido que reúne mais de 60 mil associados em 150 países.

O documento, divulgado nesta semana pela BBC, vai no sentido contrário ao da carta que, em março, sugeriu uma pausa no desenvolvimento de sistemas de IA generativa, descritos como um “risco existencial”, e ganhou o apoio de celebridades como Elon Musk e Christopher Nolan, diretor e roteirista do filme Oppenheimer. Com uma dose de ironia, Rashik Parmar, executivo-chefe da BCS, disse que a comunidade de tecnologia do Reino Unido não acredita no “cenário de pesadelo dos senhores robôs malignos” da IA superinteligente.

Entre outros argumentos a favor das ferramentas de IA, os signatários do novo manifesto afirmaram: “O Reino Unido pode ajudar a liderar o caminho para a definição de padrões profissionais e técnicos da tecnologia, apoiados por um código de conduta robusto, colaboração internacional e regulamentação com recursos completos”. Disseram ainda que, como isso, a Grã-Bretanha poderia se tornar um “sinônimo global de IA de alta qualidade, ética e inclusiva”.

Richard Carter, fundador uma startup de cibersegurança que aplica IA e um dos que assinaram a carta aberta, disse à BBC que os alertas relacionados à tecnologia são exagerados e pouco realistas: “Francamente, essa noção de que a IA é uma ameaça existencial para a humanidade é muito rebuscada e nada viável”, afirmou.

Hema Purohit, que lidera as áreas de saúde digital e assistência social para a BCS, disse que a IA consegue criar técnicas de detecção de doenças graves e pode ajudar a acelerar o desenvolvimento de novos medicamentos. Sarah Burnett, autora do livro The Autonomous Enterprise – Powered by AI, sobre tecnologia e negócios, destacou as aplicações da IA na agricultura, desde robôs que polinizam plantas até ferramentas que permitem reduzir o uso de herbicidas.

A BBC, no entanto, lembrou que até 300 milhões de empregos poderão ser eliminados pela automatização e que algumas empresas já disseram que vão interromper a contratação para algumas funções, como resultado da aplicação de IA. Ao mesmo tempo, citou declarações da BCS que contrariam essa ideia e dizem que a tecnologia aumentará a produtividade das pessoas, em vez de substituí-las. Houve, contudo, um ponto em que todos concordam: a regulamentação será necessária para evitar o uso indevido da IA.